Eu achei que não soubesse cuidar de mim
É que, sabe? Eu não sabia cuidar de mim. E foi nessa de não
sei, que achei que você pudesse cuidar. Eu tinha um amontoado de pensamentos e expectativas
emaranhados pela mente e pelo quarto.
E nem sabia o que fazer com eles, na verdade, nunca fiz ideia.
Então eu te vi, e nessa minha sina de procurar alguém para
cuidar das paranoias que carrego comigo, foi que te escolhi. Distraído demais,
nem notou que foi tudo planejado. Então... sabe, moreno? Acho que te devo
desculpas. Desculpas por te escolher assim, naquele dia no bar, só porque eu
não sabia cuidar de mim.
Cheguei fingindo coincidência, ah, quem nunca? E fiz o meu melhor. A surpresa foi que você fez
também. Sem restrições, sem condições, foi sem medidas mesmo, né rapaz? Foi por
isso que ao passar do tempo, eu percebi que talvez o destino tivesse finalmente
agido. Agido em mim, levando-me até ti, ou agindo em ti, sentado lá, tão
distraído e desacompanhado, com um sorriso branco dançando nos lábios.
Eu olhei bem nos teus olhos, moreno, e vi minha chance.
Minha chance de fazer o que meu terapeuta me alertou para não fazer mais, minha
chance de jogar meu eu despedaçado em alguém. A chance de uma pessoa paciente
que juntasse meus caquinhos, fazendo com que eu, cheia de remendos e
esparadrapos, voltasse a ser aquela dos 18 anos.
Aquela que acreditava em tudo e gritava o poder sobre si.
Aquela que sabia cuidar dela mesma. Mas a gente pega essa mania feia, sabe? Depois da primeira vez, é difícil parar. É difícil levar o peso de tantas
histórias e pessoas, quando a gente já cansou. E eu estava cansada, sabe? Cansada de cuidar de mim.
Foi por isso que tentei mais uma vez, talvez você nem reparasse. E exigi de você que cuidasse de mim, que
tomasse conta e total responsabilidade dessa miscelânea horrenda que me
persegue. Mas, moreno, você não deu conta, nem eu daria, eu não dou.
E agora, depois de te ver outra vez naquele mesmo bar,
exibindo aquele mesmo sorriso branco, só que acompanhado, é que eu percebi.
Percebi que eu tô sozinha, rapaz. E se sei ou não cuidar de mim, isso eu ainda não sei, mas to tentando,
sabe? Depois de tanta rasteira da vida, e tanta bagagem pesada, ou a gente
aprende, ou afunda no próprio peso.
E isso? Isso é que eu não quero.
— Bruna Barp
Foto: We heart it
10 comentários
Amei demais esse texto, fiquei impressionada na verdade, achei tristemente lindo, parabéns
ResponderExcluirAh, muito obrigaada!♥
ExcluirBeijinhos da Bru
Bruna, lacrou com o texto, amei!!!
ResponderExcluirAchei tristemente lindo também! HAHA
Beijos lindona, www.nossomosmoda.com
HAHAHAH muito obrigada Vic! As coisas mais tristes acabam gerando as mais belas, afinal.
ExcluirBeijinhos da Bru
Oi flor, como vai? Estou literalmente apaixonada no seu blog, seguindo já!
ResponderExcluirAh que texto mais lindo, e realmente veio em boas horas afinal fim de ano é sempre tempo de nostalgia e também de mudar e como você disse: "ou a gente aprende, ou afunda no próprio peso." Obrigada pelo post, arrasou!
beijoooos
http://garota-interior.blogspot.com.br/
Oi Marina, tudo bem e contigo?
ExcluirFico muito feliz que tenha gostado, e obrigada por seguir! Sobre afundar no próprio peso, é, nem sempre o peso que carregamos contam nos números da balança.
Beijinhos da Bru!
Beloo texto, encantada rs
ResponderExcluirWwww.quaseinvisivel.blogspot.com
Hahahah obrigada May!
ExcluirBeijinhos da Bru
Incrivel *---*
ResponderExcluirEstou apaixonada pelo texto, pelo blog *-*
"Percebi que eu tô sozinha, rapaz. E se sei ou não cuidar de mim, isso eu ainda não sei, mas to tentando, sabe? " ESSA FRASE É TÃO EU *------*
Sucesso <3
http://malucosentimento.blogspot.com/
HAHAHAH fico muito feliz que tenha gostado, Gabryella!
ExcluirMuito obrigada e beijinhos da Bru! ♥