Velhos hábitos
Outra coisa que incluo na lista, é o fato de ter organizado
minha pilha de livros em ordem alfabética, com exceção daquela série favorita, precisei deixar todos juntos –seria como separar uma família. Ah, e também
guardei todas as cartinhas que tenho, desde a infância, dentro de uma caixa
específica, agora elas não ficam mais espalhadas naquele armário; embora eu
gostasse de abrir a porta e deixar o destino escolher qual delas cairia de lá,
para que fosse lida outra vez. Nostalgia, sabe como sempre fui apegada a ela.
Por terceira, preciso mencionar o fato de ter sido aprovada naquela cadeira, aquela em que precisei da sua ajuda, moreno. Não sei se o professor simpatizou comigo, ou se as aulas particulares surtiram efeito... eu só sei que, bom, consegui.
A quarta delas está no fato de que mudei o corte e –pasmem-
a cor do cabelo! Cor de rosa, acredita? Nem eu! Quanto tempo para tomar coragem! E pensar
que levei apenas alguns minutos para concordar com você sobre não combinarmos
mais. Talvez seja porque meu cabelo é parte de mim, você já não era. Só que tudo bem, sabe, entramos em um consenso, e
estou feliz com o resultado. Você também parece estar.
Ah, desculpe-me pelas atualizações, velho hábito que não
consigo largar. Acho que nem quero, sabe moreno? Acostumei-me a contar-lhe os
dias como o relógio conta as horas... e me parece pior do que largar o cigarro.
É claro que, se quiser, pode amassar esta carta assim que ler o nome do
remetente, e ela jamais será lida. Mas também é óbvio que eu nunca saberei, e
nem quero, a tua opinião já tornou-se indiferente, o meu contar é que faz-me
falta.
Então, caso meu nome no teu correio incomodar, ou desagradar
um pouco que seja a ela, não titubeie em
rasgar ainda no envelope, ou mesmo agora, com as escritas nas mãos. O passado
não deve fazer parte do presente se não o aprecia. Eu só queria contar, moreno.
Contar que larguei o cigarro, arrumei os livros e cortei os cabelos. Mais que
isso, eu pintei. E sabe o que pintar os cabelos significa, rapaz? Essa á a quinta coisa que eu queria falar: eu mudei, não só os cabelos.
Perdoe-me por escrever o que costumava falar, ou pior ainda, por não ter escolhido outra pessoa a quem contar. Você bem sabe que não terei por um longo tempo, e, para ser honesta, acho que nem quero. Contento-me em contar os acontecimentos ao papel e enviá-lo com a possibilidade, ou não, de que leias. E talvez o faça nas duas primeiras, e as outras apenas amasse e jogue no lixo. E tudo bem, tudo bem pra mim, rapaz.
Me acostumei a demorar para mudar, para trocar, para encontrar. Principalmente, acostumei a demorar para me acostumar. Ainda bem que, quando o faço, fecho aspas.
— Bruna Barp
OBS: O texto em NADA tem a ver com a vida pessoal da autora. A situação e personagens são apenas fictícios.
Foto: We heart it
4 comentários
Não sei muito bem como classificar esse texto. Sei que gostei. Gostei muito.
ResponderExcluirÉ a primeira vez que eu piso aqui no seu blog. Queria dizer que não será a última e que gostei muito do layout!
Beijos!
http://chocolatelooveer.blogspot.com.br/
Oi Thalia! Fico contente que tenha gostado muito HAHAH
ExcluirVolte sempre e obrigada ♥
Beijinhos da Bru!
O moreno... Personagem de muitas histórias hein. Lindo, lindo, e lindo. Sem palavras...
ResponderExcluirwww.pilateandosonhos.com
Hahahah sim, Ciana, ele é o personagem de muitas histórias!
ExcluirObrigada e beijinhos!