O importante é voltar
Eu voltei (...)
Depois da primeira discussão. Quando você
me disse que não sabia se tinha certeza, que precisava de um tempo para pensar.
Eu te dei esse tempo. E depois voltei. Fiz aquela viagem dos meus sonhos,
sozinha, vivendo experiências incríveis do outro lado do mundo, e, ao fim de
cada dia, eu voltei para você. Não fisicamente, é claro, mas meu coração voltou, sempre.
Na verdade, eu nem sei se ele foi comigo, e se foi, não inteiramente.
Após contar a você dos meus sonhos sem raízes e ouvir em
seguida, surpresa, que tudo bem, eu decidi que voltaria. Àquele bar ou a outro,
mas voltaria com você. E, ao experimentar aquela comida horrível que arriscou
fazer para mim, concluí que precisava voltar, para ensiná-lo como fazer.
Iríamos rir um pouco da minha falta e prática em ensinar, mas o resultado seria
bom. Sempre fui boa na cozinha.
Voltei para você depois de cada olhar trocado com outro cara
nos jantares de meninas, quando ainda nem tínhamos compromisso –até quando já.
Voltei para você toda a vez que alguém tentou me convencer a “tentar um outro
alguém”. Voltei quando jogaram na minha cara, cheios de certeza, que eu não era
para você. Ou você não era para mim –a ordem pouco importa. Eu voltei ao fim de
cada viagem, cada sorriso, palavra e olhar. Ao final de qualquer filme romântico.
Cena épica. Frase clichê... Há tantas formas pelas quais eu voltei, que admiro-me ter demorado tanto para perceber que talvez eu sempre
fosse voltar.
Passei a vida ouvindo que quando encontrasse a minha famosa metade ia entender o que é querer passar
24hrs ao lado de alguém. Entenderia o quanto 24hrs eram insuficientes em um
dia e, mais ainda, nunca julgaria casais
combo(dois em um) outra vez. E eu te conheci, moreno. Conheci a minha
metade e concluí, após não muito tempo, que ainda concordo com meu eu avulso. Aquele eu que afirmou a vida
toda com razão na língua que não era preciso ficar o tempo todo com a pessoa. E, por fim, acho que é isso mesmo.
O importante não é
ficar, é voltar
— Bruna Barp
OBS: O texto em NADA tem a ver com a vida pessoal da autora. A situação e personagens são apenas fictícios.
Foto: We heart it
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